domingo, 27 de setembro de 2009
Cenografia e o cenário virtual
Nas grandes emissoras de TV e produtoras, a organização, conservação e armazenamento destes objetos é função do departamento de contra-regra que trabalha em conjunto com o departamento de cenografia.
Na Rede Globo, este está numa área de 14 mil metros quadrados e possui 25 mil peças. No SBT são 70 mil itens guardados em 2,5 mil metros quadrados.
A informatização começa a chegar nas emissoras, que pretendem catalogar e organizar melhor estes objetos.
Em muitos lugares o trabalho é baseado na boa memória e na organização individual dos contra-regras que cuidam de seus programas.
Algumas emissoras estão usando softhouses para produzir programas/aplicativos específicos que lhe ajudem na elaboração da cenografia e conseqüentemente na iluminação. Devemos lembrar que hoje a maioria das produções está sendo feita em HD e esta não perdoa as imperfeições. Ela fará as produções de hoje, sem HD, se parecerem com as produções da década de 70.
Cenários Virtuais
Os cenários virtuais são sistemas que permitem integrar apresentadores ou atores a ambientes criados em computador por softwares 3D. O processo é uma evolução do chroma-key, uma técnica há muito tempo conhecida e aplicada na produção de vídeos.
No vídeo, todas as cores são formadas pela mistura do vermelho (red/R), verde (green/G) e azul (blue/B). Quando a luz entra na câmera é dividida em três feixes. Todas as cores da imagem são decompostas em informações de RGB, que depois serão combinadas para reconstituir as cores originais. É possível substituir uma determinada cor por um sinal de vídeo qualquer. Por exemplo: num ambiente vazio, de uma única cor (geralmente azul ou verde), por onde circula um apresentador, o fundo monocromático (background) pode ser substituído por imagens geradas por computador ou outras quaisquer. Assim funciona o efeito visual chamado chroma-key.
No entanto, há uma limitação.
Essa técnica não permite que as câmeras sejam deslocadas, pois o fundo não se move.
Os sistemas de cenários virtuais resolveram esse problema. Com a combinação de múltiplas tecnologias, os apresentadores ou atores podem se mover ao redor dos objetos e as câmeras podem se deslocar livremente, pois o background modifica-se de maneira coerente aos movimentos das câmeras. Para tanto, é necessário “informar” o sistema quando e como as câmeras se movimentam. Isso é possível graças à tecnologia de camera tracking que através de algum tipo de referência detecta a movimentação da câmera. Os métodos de camera tracking variam de fabricante para fabricante e de produto para produto.
Os sistemas de cenários virtuais representam uma grande economia de tempo, espaço, mão-de-obra e materiais. Os cenários reais ocupam quase sempre muito espaço e precisam ser montados e desmontados. Os cenários virtuais estão imediatamente disponíveis e um mesmo espaço físico pode abrigar inúmeros “cenários
sábado, 12 de setembro de 2009
SET Sudeste 2009 - Parte 2
Estes seguem a tendência de substituir os grandes e pesados monitores de CRT, por monitores de LCD, associados a spliters de sinal de vídeo., o que forma a concepção de multivisão. Com eles um monitor de 17" ou 19" pode ser dividido em pelo menos 4 telas, tornado mais compacto o ambiente de trabalho, principlamente em atividades externas, como unidades móveis e unidades portáteis de produção. Esta concepção leva em conta além da melhora na visualização, a economia de energia gasta com o equipamento em si e com a questão do ar condicionado, exigindo menores geradores de energia, ganhando autonomia e confiabilidade final.
A mineira Datasinc apresentou na feira, uma unidade móvel, montada numa Fiat Ducatto, com este conceito. Ficou muito prático o ambiente de trabalho.
A crescente informatização dos equipamentos, onde cada vez mais CPUs especializadas vem substituindo os antigos equipamentos consumidores de energia, estão levando os ambientes de trabalho a serem mais confortáveis aos seus operadores, com uma preocupação ergonométrica mais aperfeiçoada e a uma arquitetura mais limpa e leve.
Foi-se a época em que nos reuniamos para ir a feira, com o objetivo de ver máquinas especializadas, VTs... hoje tudo está mais clean e informatizado...
sábado, 5 de setembro de 2009
SET Sudeste 2009 - Parte 1
Vc acha que eu vou falar dos equipamentos legais que eu vi, não é? Errou!
O que mais me chamou a atenção foram alguns recursos de iluminação. Anos atrás só se falava em luz fria. Hoje, são as fontes luminosas formadas por leds.
A Rosco apresentou o LitePad. São placas de 7,6mm de espessura com leds de alto brilho e com temperatura de cor de 6000 K. Tem 8 padrões de tamanho e a mais barata custava 300 reais.
A luz é suave e constante, podendo substituir pequenas fontes de luz na função de rebatedores, ou até mesmo ser a keylight de uma gravação. O consumo de energia é mínimo.
Outro produto foi o RoscoView. Um conjunto de filtro, gelatina, polarizador para janelas e um filtro polarizador para as lentes de câmeras. Depois é só girar o filtro dacâmera e controlar a intensidade de luz exterior que invade o ambinete de gravação. Pense no estúdio de vidro dos telejornais da Globo.
Ainda nos produtos de leds,havia spots dimmerizados com leds de alto brilho. Leves, portáteis, podendo ser alimentados por baterias de câmera. Eles tinham preços entre 590 a 1200 reais e que em breve serão comercializados no estado de SP.
Havia pelos corredores da exposição pelo menos 6 pessoas com o colete e equipapento de steadcam fazendo demonstrações. Alguns se entusiasmaram e houve pequenos choques com os visitantes, mas sem vítimas fatais.
No próximo texto: equipamentos que estão melhorando a monitoração
domingo, 30 de agosto de 2009
Quadro de meteorologia
A mágica por trás dos quadros de meteorologia dos telejornais está toda baseada na técnica de cromakey. Aquela das telas azuis.
Uma equipe de meteorologistas trabalha diretamente como uma equipe do Departamento de Arte. São utilizadas as imagens de satélite, mapas dos estados e do Brasil, em conjunto com as informações fornecidas pelos Centros de Meteorologia dos estados.
Todo o processo de confecção do material visual é feito por uma estação Silico Graphics ou um similar. No estúdio, estão a disposição dos apresentadores, conjuntos de monitores. Em um deles está o sinal do teleprompter, com todas as falas e no outro monitor, o sinal com a imagem final, a soma do apresentador com o material gráfico. É este sinal que irá orientar o apresentador durante a sua movimentação, prevista na apresentação. O mesmo utiliza um controle de disparo, que muda as telas gráficas de acordo com a necessidade.
Com a chegada dos equipamentos de cenário virtual, todo o processo ganhou mais dinamismo, permitindo uma movimentação constante dos apresentadores, que podem interagir com as imagens gráficas e até apresentar pequenas matérias e links ao vivo.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Conhecimento e divulgação
Vou concordar com a parte da informação, do conhecimento.
Vendo a cobertura do Mundial de Atletismo em Berlim, deparei-me com cenas espetaculares, tanto pelo fato de toda a cobertura ter sido feita em qualidade HD, quanto pela tecnologia empregada.
Comentava isto com o Luciano, que é professor de Rádio e TV e verificamos que não existe literatura específica para diversos assuntos ou temas, principalmente na língua portuguesa. Revirando a web, encontramos livros muito antigos de teatro que foram revisados para abordar a televisão que estava nascendo na época.
A literatura específica se estiver sendo escrita, continua nas mãos de seu criador. Não foi divulgada ainda. Este conhecimento faz muita falta. Concordo que a evolução tecnológica é muito rápida, os equipamentos e soluções disponíveis se renovam a cada momento, mas tudo é feito tendo uma base e é esta base que falta ser divulgada.
Estou recolhendo material audiovisual para preparar, atualizar meu próximo workshop: como se produz um evento em externa e estou sentindo esta dificuldade. A realidade brasileira é diferente da estrangeira, nem todos os recursos tecnológicos estão disponíveis no Brasil e são poucas as produções que podem ter acesso a elas.
Ai volto a me repetir: com a HDTV, que já chegou, nós vamos produzir o quê e com qual qualidade?
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Aprendendo produzir para HDTV – parte 3
A costura tem que estar perfeita, sem linhas aparentes. Muitas das roupas são feitas à mão. As roupas de quase todos os personagens são feitas por costureiras e alfaiates à moda antiga. E com uma preocupação a mais nos tempos modernos.
Até o reparo em uma roupa tem que ser meticuloso. Um botão perdido, por exemplo, terá que ser substituído por outro igual. Não pode haver pequenos rasgos, fios soltos. Tudo tem que estar visualmente perfeito.
Produção de arte
Com o HD, a profundidade de campo é grande. Com isso, o fundo da cena, que antes aparecia desfocado, agora também fica mais nítido. Portanto, detalhes que só compunham o ambiente, como quadros, vasos e outros enfeites, passaram a ter papéis importantes. E é o pessoal da produção de arte que cuida deles.
Como a HD não perdoa imperfeições, mais de um objeto pode ser adquirido por estes produtores, principalmente se a produção for de uma novela ou seriado. Já pensou se este objeto sofrer algum dano? Muitas vezes não se poderá repará-lo, a solução é substituí-lo mesmo.
A qualidade destes objetos também terá que ser levado em conta. Não dá para comprar produtos de baixa qualidade.
domingo, 16 de agosto de 2009
Aprendendo produzir para HDTV – parte 2
Quando se grava tendo como cenário uma favela, o acabamento de uma casa, onde, a princípio, não há tanto acabamento, algumas “falhas” são admissíveis. Quando o cenário já é mais luxuoso, sabe aquela placa de compensado em que se vê a emenda? Sabe aquela bolha em uma segunda mão de tinta mal aplicada? O acabamento terá que ser mais realista. Cuidado! De longe, é lindo.
Para se ter uma idéia do esmero ainda maior que tudo passará a ter, até os profissionais que trabalham na lavanderia tiveram palestras sobre o assunto. Roupa amarrotada? Nem em sonho. Só se ele acabou de se levantar da cama!!
Tudo deverá ser mais ser criterioso na produção de elementos visuais. Antes as produções que utilizavam suporte Beta e DV não captavam pequenos defeitos,
manchas e imperfeições. Na cenografia da Televisão Analógica utiliza-se tapadeiras, pregos e fitas a mostra, práticas não perceptíveis até então. Na área de efeitos, são criados objetos cênicos a partir de isopor e madeira modelados e pintados de forma com que no vídeo analógico tomem forma de alimentos, frutas, alumínio e ferro. Em HDTV esses objetos cênicos parecerão como feitos realmente de isopor e madeira pintados. Precisa-se estudar os materiais utilizados na cenografia e substituí-los por outros mais convincentes. Pode-se optar por utilizar muitos objetos reais feitos dos próprios materiais que se deseja representar ao invés de produzir algo parecido. Optou também pela substituição de revestimentos de fibra de vidro e pisos sintéticos em paredes e solo por materiais como tijolos e granito. No formato widescreen, os cenários ficam mais horizontais e devem ter um acabamento melhor. Os planos ganham mais espaço e a composição de cena requer mais elementos cênicos verossímeis.
O uso de Computação Gráfica, tanto para a criação de cenários virtuais realísticos, como o uso da técnica de cromakey mais sofisticada, pode ser uma solução para determinados programas.
Cuidados a serem tomados: Qualquer tipo de brilho, por menor que seja, estoura a luz. Uma cabeça de prego mais para fora salta aos olhos. As cores ficam diferentes no vídeo. O branco passou a ser proibido, porque absorve mais luz e abre o contraste. Então, usa-se outra cor, como cinza claro e bege, para que na tela se veja uma parede branca. O verniz dos móveis tem ser impecável, senão aparecem até as marcas do pincel. E é preciso ter cuidado com a manutenção das coisas, porque arranhão que antes não aparecia agora aparece.
Não perca a Parte 3 – Outros pontos